Arte Rua DF
Entrevista Flavio Soneka.
1 – Desde quando e como você começou a grafitar nas ruas?
Pinto desde 2002. Comecei a pintar com a rapaziada da minha quebrada
desenhava desde criança e isso me ajudou a me adaptar ao graffiti.
2 - O que o grafitti representa na sua vida?
Representa os pensamentos bons, tudo que vivo eu pinto e aí
tento passar um pouco do que vivo pras paredes. Representa vida, me sinto vivo
quando pego nos sprays onde fica só eu e a parede com uma sensação
impagável. Hojevocê faz o que você quiser da forma que você quiser isso e
o graffiti pra mim é estilo de vida. Graffiti não é dinheiro, não é fama e nem
status.
3 – Como você define o seu estilo?
Eu não sei dizer isso, acho que vivo a procura de um estilo
e acho que se um dia eu abrir a boca e disser que meu estilo é isso
ou aquilo, estarei perdido... Acho que todos estão atrás de um estilo e eu sou
um desses.
4 – Hoje em dia existem várias técnicas e inúmeros materiais
para se criar um graffiti. Quais materiais você utiliza?
Eu uso o que estiver nas mãos, o que importa não é com
o que você vai fazer, o que importa é seu pensamento e sua atitude em querer
fazer.
5 – Quais os empecilhos da vida de um grafiteiro?
Pra mim são os atravessadores, como agora pintamos em
uma galeria com grandes patrocinadores e uma grande marca de energético nos
patrocinou, eu e nenhum dos grafiteiros sabíamos nem ao menos o gosto desse
energético, pintamos e fomos patrocinados por uma parada q agente nem sabe, o
que pra mim é mais embaçado é a falta de respeito grandes marcas querendo
nos usar como degrau a nossa arte.
É foda a gente se dedicar a vida toda pra uma parada e quem ganha
credito é um monte de playboy que fala de “graffiti”, mas não vive o “graffiti”,
nem sabe os problemas que a gente vive e nem o sol que a gente pega, muito
menos as lutas que a gente tem na rua, o que a gente já passou pra chegar no
que estamos hoje. Quem pinta em Brasília, é por amar o graffiti, por que aqui
agente tira o material do bolso, fazemos milagres e em relação a isso falo em
nome dos grafiteiros do DF que foram esquecidos pelo tempo, falo isso em nome
da galera que nem teve grana pra comprar seus sprays e pintava no sol quente
com pincel ROLINHO e usava o que tinha nas mãos com trabalhos realmente bons,
falo em nome dos moleques das periferias de Brasília que dão o sangue pelo
graffiti e não deixam a peteca cair.
6 – Qual é a sua relação com o bomb e com o ato de pintar na
rua?
Eu não tenho relação nenhuma com o bomb, acho que na minha
quebrada eu não tenho que destruir nada, se alguns na área que estão quiserem
destruir, que destruam. Na minha quebrada eu quero levar a felicidade e coisas
boas, porque precisamos de coisas construtivas, afinal destruir, qualquer um
destrói, agora construir uma trajetória boa é para poucos.
7 – Como você hoje em dia o pensamento das autoridades em
relação à arte urbana?
É tudo sensacionalismo, só veem o graffiti como algo para cobrir a
pichação, o lado artístico, as autoridades não enxergam, para mim é tudo blefe.
8 – Sobre a pichação, é um assunto polêmico, muitos dizem
que não é arte, qual é a sua opinião sobre o assunto? Comente a do DF...
Se os homens das cavernas riscavam as cavernas, é impossível evitar que
alguém risque o muro, é uma atitude humana, só idiotas não enxergam isso.
9 – Qual o lugar mais louco que já pintou?
Todos os lugares são loucos, aprendo alguma coisa, sempre
acabo conhecendo alguém e assim, saio feliz com mais um muro pronto.
10 – Muitos dizem que o graffiti underground parou com devido
ao aparecimento das galerias, concorda com o aparecimento do grafite em
galerias, que antes era só nas ruas?
Muitos dizem que o graffiti underground parou com devido aparecimento
das galerias, mas quem pinta na rua nunca vai parar de pintar.
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