sábado, 9 de junho de 2012

Entrevista com Narcélio Grud




O blog Arte Rua DF finalmente tem o prazer de postar uma entrevista com um artista brasileiro incrível, abrindo uma sessão de entrevista com artistas de outros estados brasileiros, mostrando a visão da arte de rua nacionalmente. Narcelo é um artista que possui um arsenal com técnicas e versatilidade. Nasceu e mora em Fortaleza, e como muitos artistas aqui do DF, já chegou a dar um giro pela Europa. O projeto amplia a sua visão e vai além do estado do Distrito Federal, alcançando pessoas com estilos de bastante diferentes resultando em opiniões diversificadas.

A primeira arte é de Narcelo, a segunda é seu auto-retrato pintado na frança por seu amigo Sismik Npk.

Também há alguns vídeos do trabalho de Narcélio na rua, confiram:

http://blip.tv/isaac-hacksimov/limpia-tu-coraz%C3%B3n-5492051

Vamos a entrevista,

1 – Desde quando e como você começou a grafitar nas ruas?
Meu inicio no graffiti se deu através da pichação, no início dos anos 90 aqui em Fortaleza. Foi meu primeiro contato com a tinta spray. Já nessa época, fazia junto a minha tag, alguns desenhos, ensaiando o que viria a fazer tempos depois. Migrei pra aerografia, pois a lata de spray tinha um custo alto e era de baixa qualidade, enquanto que o aerógrafo me possibilitava uma precisão de traços. Em 2007 comecei a ter contato com os materiais importados, que me instigaram novamente a utilizar o spray nos meus trabalhos.

2 - Defina Arte Urbana.
Arte urbana é toda a arte feita na rua, que usa como suporte mobiliário e utensílios da rua. Pensada para o livre acesso das pessoas. Pra mim, a arte urbana é livre, onde se pode utilizar do grafite, da escultura, de qualquer meio que possa ser utilizada para transmitir, impactar, instigar...

3 - O que o grafitti representa na sua vida?
O graffiti pra mim é uma diversão! Uma instigação que me impulsiona no dia a dia, que me faz feliz! É uma química massa que sinto quando estou pintando, uma espécie de transe... Entro nele e viajo... O tempo passa rápido e é sempre um aprendizado.

4 – Cheguei a ver alguns stickers no álbum do seu facebook, como você define seu estilo da sua arte?
Estou a procura de um estilo... Já consigo ver algum sinal de um DNA, de uma coisa que me acompanha nesse processo de busca... Gosto de tudo que me atrai e quero ser livre para poder experimentar, testar possibilidades, outros meios do fazer. Acho que quando achar um estilo vou procurar outra coisa...

5 – Vi que você espalhou alguns stickers pelo mundo, me conte como foi essa experiência. Além dos stickers chegou a pintar em algum lugar?
Na real não fazia trabalhos com stickr e lambe lambe, foi na minha primeira viagem ao exterior que comecei a fazer, porque não é tão simples pintar em outros países... Na Espanha, por exemplo, existem multas se você for pego grafitando na rua... Comecei a pintar em adesivos, em papel, porque daí ficava mais rápido de agir quanto a colocar o trabalho na rua. E dai por diante uso essas técnicas como forma de expressão.
Conhecer outros lugares, outras culturas é algo muito bom! Enriquece o espírito e muda o jeito que agente compreende o mundo... Outros meios de socialização, de estrutura urbana... Muito massa!!!

6 – Você possui alguma conexão com a arte urbana de outros estados do Brasil?
Tenho muitos amigos que trabalham com arte urbana em outras cidades... Já fiz trampos em algumas cidades e agora estou trabalhando na produção de um evento aqui em Fortaleza... Conexões muitas sendo realizadas.

7 – Já ouviu falar ou conhece a Arte Urbana de Brasília? Fale um pouco do que sabe sobre a arte de Rua do DF.
Sim, já fui a Brasília, gostei muito da estrutura... vi alguns trampos nas ruas... Conheço o trampo do Guga um Recifense que vive ai, mas ainda não conheço muito a galera dai... Pretendo um dia poder conhecer e fazer algumas ações tb.

8 – Como é a cena da arte urbana em fortaleza?
A cena em Fortaleza esta crescendo, tem muita galera agindo, grupos que estão a um tempão na estrada e uma galera nova também... Como todas as cidades distantes do grande centro do país, as coisas realizadas aqui não tem muita divulgação nacional. Mas temos bons artistas, pessoas que estão num nível que não deixa a desejar quanto a artistas de Sampa e outros países.

9 – Qual a sua visão sobre a arte urbana do Brasil em comparação a outros países? O que está faltando no Brasil?
No Brasil temos um diferencial forte quanto ao restante do mundo... Vejo que temos um estilo próprio, que é meio independente do que rola por ai. Mas também tem algo que está meio universal, que vemos em qualquer lugar do mundo. O nordeste é muito rico culturalmente e serve de influencia pra muita gente, podemos ver traços de xilogravura, de personagens tipicamente nordestinos no trabalho de alguns cabeções de Sampa. Os caras bebem da cultura daqui, mas não vemos seus trabalhos nas ruas dessa região. Foram poucos os que vieram pintar por aqui... 
Temos ótimos artistas e precisamos nos organizar melhor...Pra frente e avante!!!!
 

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